Existem momentos em que movidos por um sentimento de dor e de
profunda tristeza somos forçados a um pronunciamento, mesmo que para tal tenhamos de contrariar a forte emoção de que estamos possuídos e sentir o pulsar mais forte de um coração já enfartado e sangrando. É assim que me sinto neste momento, quando ao chegar em casa após um longo dia de trabalho recebo a notícia do falecimento, deste extraordinário, espetacular, símbolo vivo da honestidade, do humanismo e do amor fraterno. Estou falando de Ary Medina ou Ary de Figueiredo Medina, cuja vida foi pautada de uma ilibes de caráter
revestida de uma solidez granítica, capaz de torná-lo um exemplo para as futuras gerações.
Poucos ajudaram a tantos como ele, e, principalmente os mais humildes.
Com uma extraordinária vocação a santidade e vontade de servir, dedicou uma vida inteira a prática do bem. Quantos que hoje triunfaram na vida, em vários setores de atividade receberam dele aquela mão amiga, na hora certa e quando mais necessitaram. Lembro-me da primeira vez que tive de recorrer a um pequeno empréstimo bancário, os chamados “papagaios” dos 120 dias.
Cabisbaixo, inibido e parcimonioso, o Sr. pode avalizar para mim?...levante a cabeça rapaz e passe este papel para cá. Foi ele juntamente com o Guga os meus únicos avalistas. Como está o INSS do Manoelzinho? Foi uma pergunta de sempre,
preocupado que estava com a aposentadoria daquele nosso amigo do Cachoeiro FC.
Tivemos muita coisa em comum, no que concerne a lealdade para com os amigos, a humildade, a sinceridade e principalmente pelo amor que dedicamos ao Cachoeiro FC, uma das maiores paixões de nossas vidas, - Ninguém amou tanto a camisa alvi-rubra, e por ter amado tanto o Cachoeiro FC, jamais a história do clube poderá ser desassociada do nome de Ary Medina. Expoente máximo que nunca mediu sacrifícios para ver a nossa bandeira tremular no píncaro da glória.
Lembro-me certa vez, triste por ter perdido para o nosso coirmão no Sumaré, ordenou ao Ceci, vai a Minas e traga quantos jogadores necessário for... dois dias depois chegavam a Cachoeiro, Leonel, Jorge, Caranguejo, Orencinho e Pão com Média.

Perde a sociedade de Cachoeiro, um de seus membros mais ilustres, perde o Cachoeiro FC, a sua estrela máxima e perco eu um de meus melhores amigos.
Se esta foi a maior derrota da história do Cachoeiro FC, resta-nos a alegria de saber que triunfou a vontade de Deus. Adeus amigo e até lá.

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Texto:
Dr. Everaldo Xavier Peixoto
Ex-Presidente do Cachoeiro FC